Se pararmos para olhar o universo à distância, veremos que em seus primeiros momentos ele era bem simples, era um espaço cheio de matéria, algo sem caracteres ou características. Era o que na mitologia Hindu se chama de “Turiya” – palavra que descreve algo como “sem atributos”. Leva tempo para ocorrer uma transformação em reinos mais criativos. A pré-condição para a criatividade é o desequilíbrio, o que os matemáticos atualmente chamam de Caos. Através da vida do universo, à medida em que caíam as temperaturas, surgiam estruturas compostas cada vez mais complexas. A partir do estado de fecundidade criativa, manifestava-se mais criatividade. O universo é uma máquina de fazer arte, um motor para a produção de formas cada vez mais novas de se estar conectado, e da justaposição cada vez mais exótica de elementos díspares.
Cada artista é uma antena para o Outro Transcendental. Enquanto seguirmos com nossa própria história para dentro disso e criarmos confluências únicas de nossa singularidade e sua singularidade, nós criamos coletivamente uma flecha a partir da história, do tempo, talvez até a partir da matéria, a qual vai redimir a ideia de que os humanos são bons. Esta é a promessa da arte, e sua realização nunca esteve tão perto do momento presente.
Introdução à História da Música Ocidental
Com essa disciplina, visamos principalmente introduzir os alunos à tradição da música documentada que perdurou através da história, com o intuito de instigar sua formação intelectual e cultural.
Através das dinâmicas de apreciação e o contato em primeira pessoa com repertórios e instrumentos musicais diversos, pretendemos ensinar os alunos os conceitos básicos para reconhecer, ouvir, entender e se expressar com a música.
Através da interpretação instrumental e de material didático multimídia, o professor percorre a história da música erudita indo-européia desde seu surgimento modal até o sistema tonal, passando pela música indiana, medieval, renascentista, barroca, clássica, romântica e minimalista.
UM PANORAMA DA MÚSICA NO FIM DO MUNDO ANTIGO
Paralelamente a queda do império romano e a deposição do último imperador romano, um novo poder se firmava na névoa das guerras bárbaras. Em contrapartida ao domínio político romano, esse novo poder era de ordem religiosa. Por volta do século V, a igreja católica já exercia um poder unificador na Europa pós-invasões, e já havia se firmado como uma instituição influente. A fé cristã já havia sido adotada pelos últimos imperadores romanos e os vestígios de seus antigos domínios lentamente se convertiam.
A alta idade média, periodização que indica a época posterior a queda de Roma, será o nosso ponto de partida para o estudo da música ocidental. A música greco-romana não foi registrada, e por isso não haviam parâmetros certeiros para que os músicos dos períodos posteriores se inspirarem, como era (e ainda é) convencional na formação dos artistas e intelectuais que se consagraram na história. Pintores e escultores poderiam admirar obras concebidas na época; pensadores e escritores bebiam da fonte da literatura grega e romana.
A razão para esse desaparecimento das tradições musicais greco-romanas se deve a própria ascensão da igreja cristã. A maior parte dessa tradição era associada a rituais pagãos e costumes sociais que a igreja julgava primitivos, e, em um trabalho de séculos, a perseguição cultural culminou na descontinuação dessas práticas musicais e, finalmente, em sua extinção.
Certas características da música da Grécia foram absorvidas pela música sacra durante sua formação em seus primeiros séculos. Embora desvinculada da música pagã, alguns elementos dessa música antiga sobreviveram durante a idade média, como as teorias musicais integradas no seu sistema filosófico – mais detalhes nesse post. Dentre as atividades condenados pela igreja e extintos em seu domínio, merecem destaque: música associada a grandes espetáculos públicos (festivais, concursos, teatros, rituais) e música para o deleite intimo.
Assim, para ser possível um entendimento da música medieval, é necessário um estudo aprofundado acerca do pensamento, teoria e das práticas musicas dos Gregos, que será abordado na próxima postagem dessa série.