Se pararmos para olhar o universo à distância, veremos que em seus primeiros momentos ele era bem simples, era um espaço cheio de matéria, algo sem caracteres ou características. Era o que na mitologia Hindu se chama de “Turiya” – palavra que descreve algo como “sem atributos”. Leva tempo para ocorrer uma transformação em reinos mais criativos. A pré-condição para a criatividade é o desequilíbrio, o que os matemáticos atualmente chamam de Caos. Através da vida do universo, à medida em que caíam as temperaturas, surgiam estruturas compostas cada vez mais complexas. A partir do estado de fecundidade criativa, manifestava-se mais criatividade. O universo é uma máquina de fazer arte, um motor para a produção de formas cada vez mais novas de se estar conectado, e da justaposição cada vez mais exótica de elementos díspares.
Cada artista é uma antena para o Outro Transcendental. Enquanto seguirmos com nossa própria história para dentro disso e criarmos confluências únicas de nossa singularidade e sua singularidade, nós criamos coletivamente uma flecha a partir da história, do tempo, talvez até a partir da matéria, a qual vai redimir a ideia de que os humanos são bons. Esta é a promessa da arte, e sua realização nunca esteve tão perto do momento presente.
Introdução à Harmonia Funcional
A música é um processo criativo. Esse processo envolve ritmo, melodia e harmonia, fraseado, forma… dentre vários outros aspectos que são estudados com profundidade em análises musicais. Na música ocidental registrada, contamos com sistematizações feitas por observações de teóricos e compositores ao decorrer da história para reproduzir um determinado estilo composicional do gênero então em voga ou no início de sua decadência. Tais estudos são transmitidos através de tratados e métodos endereçados à novos aprendizes e para registrar especulações em torno de tal prática.
O primeiro teórico a racionalizar a verticalidade das composições tonais foi Rameau, em 1722, quando escreveu o primeiro tratado de harmonia. Antes de sua sistematização da tonalidade, o sistema composicional vigente era do de baixo contínuo, que continuou sendo estudado por grandes compositores posteriormente mas deixou de ser o estilo predominante. Métodos de composição embasados na harmonia tonal foram escritos por inúmeros estudiosos, e este foi o estilo principal de composição na música erudita até fins do século XIX. Ainda sim, a tonalidade é um estilo composicional ainda vivo, visto que grande parte do repertório estudado por alunos de música é construído a partir desta linguagem e também grande parte da música popular contemporânea constrói-se encima do alicerce tonal e a relação funcional entre os acordes.
Aqui, será possível estudar os princípios da composição tonal e sua história, divididos nas seguintes áreas:
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O leque de acordes a serem usados, que são selecionados para formar a PROGRESSÃO HARMÔNICA; na série de Teoria Musical.
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A organização das notas que serão escolhidas para formar a MELODIA; nesse post.
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Como conectar cada um dos acordes por melodias individuais, a CONDUÇÃO DE VOZES; na série de Harmonia Funcional
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O contexto histórico que levou a criação da música tonal, na série História da Música
O que é harmonia funcional, e quais são suas diferenças com a harmonia tradicional? Tudo isso é discutido na introdução do livro Principios de Harmonia Funcional, Por Cyro Brisolla. Cabe também o esclarecimento que a cifragem tradicional também é empregada em minhas análises.
Apesar de todas as informações publicadas nesse blog, é necessário que o leitor exercite esses conhecimentos para adquirir fluência em suas faculdades musicais. A leitura deverá ser ágil, escalas terão de ser escritas e entendidas, os intervalos deverão ser identificados instantaneamente, os campos harmônicos construídos e decorados, e, principalmente, as conduções praticadas e suas regras incorporadas ao pensamento…