Se pararmos para olhar o universo à distância, veremos que em seus primeiros momentos ele era bem simples, era um espaço cheio de matéria, algo sem caracteres ou características. Era o que na mitologia Hindu se chama de “Turiya” – palavra que descreve algo como “sem atributos”. Leva tempo para ocorrer uma transformação em reinos mais criativos. A pré-condição para a criatividade é o desequilíbrio, o que os matemáticos atualmente chamam de Caos. Através da vida do universo, à medida em que caíam as temperaturas, surgiam estruturas compostas cada vez mais complexas. A partir do estado de fecundidade criativa, manifestava-se mais criatividade. O universo é uma máquina de fazer arte, um motor para a produção de formas cada vez mais novas de se estar conectado, e da justaposição cada vez mais exótica de elementos díspares.
Cada artista é uma antena para o Outro Transcendental. Enquanto seguirmos com nossa própria história para dentro disso e criarmos confluências únicas de nossa singularidade e sua singularidade, nós criamos coletivamente uma flecha a partir da história, do tempo, talvez até a partir da matéria, a qual vai redimir a ideia de que os humanos são bons. Esta é a promessa da arte, e sua realização nunca esteve tão perto do momento presente.
Teoria Musical IV: Ciclo de Quintas
Hoje o tema abordado será essencial para o entendimento harmônico e para entender as armaduras de clave. Preste bastante atenção no mecanismo por trás do ciclo de quintas e não será preciso decorar os acidentes de cada tonalidade!
O CICLO DE QUINTAS é um sistema que possibilita a identificação dos sustenidos e bemóis de cada escala maior, e por consequência menor, como veremos na próxima lição.
Primeiramente, observe o esquema partindo do C no canto esquerdo superior. Temos duas escalas se desdobrando de Dó maior: Sol (quinta ascendente de dó) e Fá (quinta descendente de dó). Observe como a escala de Ré parte da quinta de Sol e como Sib maior se origina da quarta de Fá (que inversamente se torna uma quinta descendente).
Na prática, notamos que a quinta da escala forma uma nova tonalidade conservando todos os acidentes já existentes e cria um novo acidente na sétima maior. Os acidentes do ciclo de quintas obedecem a seguinte ordem:
DO MAIOR – – – – – sem acidentes – subindo quintas justas
SOL MAIOR – – – – (Com 1 # – Fá)
RÉ MAIOR – – – – – (Com 2 # – Fá – Dó)
LA MAIOR – – – – – (Com 3 # – Fá – Dó – Sol)
MI MAIOR – – – – – (Com 4 # – Fá – Dó – Sol – Ré)
SI MAIOR – – – – – (Com 5 # – Fá – Dó – Sol – Ré – Lá)
FA# MAIOR – – -- – (Com 6 # – Fá – Dó – Sol – Ré – Lá – Mi)
DO# MAIOR – – – (Com 7 # – Fá – Dó – Sol – Ré – Lá – Mi – Si)
DÓ MAIOR – – – – – sem acidentes – descendo quintas justas
FÁ MAIOR – – – – – (Com 1b – SI)
SIb MAIOR – – – – – (Com 2 b – Si – Mi )
MIb MAIOR – – – – – (Com 3 b – Si – Mi – Lá)
LÁb MAIOR – – – – – (Com 4 b – Si – Mi – Lá – Ré)
RÉb MAIOR – – – – – (Com 5 b – Si – Mi – Lá – Ré – Sol)
SOLb MAIOR – – – – (Com 6 b – Si – Mi – Lá – Ré – Sol – Dó)
DÓb MAIOR – -- – – – (Com 7 b – Si -Mi – Lá – Ré – Sol – Dó – Fá)
Como podemos observar, é possível obter os acidentes de todas as escalas apenas subindo ou descendo quintas JUSTAS. Tendo em mente que o sétimo grau (sensível) da escala maior (que recebe o sustenido) é sempre um semitom abaixo da primeiro grau (tônica), pode-se percorrer o ciclo rapidamente.
Quanto ao ciclo descendente, também chamado de CICLO DE QUARTAS, podemos verificar que o quarto grau da escala (que recebe o bemol) também conserva os bemóis anteriores, da mesma forma que o ciclo de quintas.
Esse recurso pode E DEVE ser experimentado pelo aluno de forma que haja o entendimento da origem prática dessa relação.
Com base nos conhecimentos recém adquiridos pelo ciclo de quintas, podemos agora montar as ARMADURAS DE CLAVE, que indica as notas que terão acidentes no decorrer da partitura, mostrando-nos, na maioria dos casos, a tonalidade em que será executada (observe as armaduras com seus respectivos sustenidos e bemóis na imagem acima).
Com base no ciclo de quintas e quartas, será fácil descobrir a ordem de sustenidos e bemóis, contudo a posição convencional da armadura deverá ser decorada pelo aluno.
Algumas outras dicas:
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observar qual é o último sustenido da armadura. A tonalidade maior se encontrará um semitom acima, a menor, um tom abaixo.
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observar o penúltimo bemol da armadura. Este será a tonalidade maior, a menor se encontrará uma terça menor abaixo.
Quanto as tonalidades menores, abordarei-as na próxima lição sobre escalas menores e tonalidade relativa.