Se pararmos para olhar o universo à distância, veremos que em seus primeiros momentos ele era bem simples, era um espaço cheio de matéria, algo sem caracteres ou características. Era o que na mitologia Hindu se chama de “Turiya” – palavra que descreve algo como “sem atributos”. Leva tempo para ocorrer uma transformação em reinos mais criativos. A pré-condição para a criatividade é o desequilíbrio, o que os matemáticos atualmente chamam de Caos. Através da vida do universo, à medida em que caíam as temperaturas, surgiam estruturas compostas cada vez mais complexas. A partir do estado de fecundidade criativa, manifestava-se mais criatividade. O universo é uma máquina de fazer arte, um motor para a produção de formas cada vez mais novas de se estar conectado, e da justaposição cada vez mais exótica de elementos díspares.
Cada artista é uma antena para o Outro Transcendental. Enquanto seguirmos com nossa própria história para dentro disso e criarmos confluências únicas de nossa singularidade e sua singularidade, nós criamos coletivamente uma flecha a partir da história, do tempo, talvez até a partir da matéria, a qual vai redimir a ideia de que os humanos são bons. Esta é a promessa da arte, e sua realização nunca esteve tão perto do momento presente.
Teoria Musical IX: Tétrades no Modo Menor
Agora que já aplicamos as tétrades ao modo maior, vamos fazer o mesmo no modo menor. A diferença aqui é que serão formados 3 campos harmônicos diferentes, da mesma forma que foi feita com as tríades AQUI.
Começaremos na escala de dó menor natural:
C D Eb F G Ab Bb
I – C Eb G Bb
fundamental – Dó
terça menor – Mib
quinta justa – Sol
sétima menor- Sib
cm7
II – D F Ab C
fundamental – Ré
terça menor – Fá
quinta diminuta – Láb
sétima menor – Dó
DØ
III – Eb G Bb D
fundamental – Mib
terça maior – Sol
quinta justa – Sib
sétima maior – Ré
Eb7M
IV – F Ab C Eb
fundamental – Fá
terça menor – Láb
quinta justa – Dó
sétima menor – Mib
fm7
V – G Bb D F
fundamental – Sol
terça menor – Sib
quinta justa – Ré
sétima menor – Fá
gm7
VI- Ab C Eb G
fundamental – Láb
terça maior – Dó
quinta justa – Mib
sétima maior – Sol
Ab7M
VII – Bb D F Ab
fundamental – Sib
terça maior – Ré
quinta justa – Fá
sétima menor – Láb
Bb7
Então, podemos montar o campo harmônico de Dó menor com tétrades baseado nos acordes montados acima:
cm7 DØ Eb7M fm7 gm7 Ab7M Bb7
O campo harmônico menor natural será:
i7 – menor com sétima menor
iiØ – meio diminuto
III7M – MAIOR com sétima maior
iv7 – menor com sétima menor
v7 –menor com sétima
VI7M – MAIOR com sétima maior
VII7- MAIOR com sétima
A construção desse campo harmônico exemplifica o problema do modo menor. A estrutura que caracteriza o discurso tonal é a relação de tônica – subdominante – dominante.
Nesse campo harmônico, a dominante, o quinto grau, é um acorde menor. E como acorde menor, não exerce a função de dominante na tonalidade. Para resolvermos esse empecilho, temos a escala menor harmônica. O sétimo grau da escala é elevado para atingirmos a atração da sensível, e assim, o acorde se torna Maior.
(Tudo isso já foi aprofundado no post sobre escalas menores)
Será necessário construir um novo campo harmônico, agora com a menor harmônica:
C D Eb F G Ab B
I – C Eb G B
fundamental – Dó
terça menor – Mib
quinta justa – Sol
sétima maior- Si
cm7M
II – D F Ab C
fundamental – Ré
terça menor – Fá
quinta diminuta – Láb
sétima menor – Dó
DØ
III – Eb G B D
fundamental – Mib
terça maior – Sol
quinta aumentada – Si
sétima maior – Ré
Eb5+7M
IV – F Ab C Eb
fundamental – Fá
terça menor – Láb
quinta justa – Dó
sétima menor – Mib
fm7
V – G B D F
fundamental – Sol
terça maior – Si
quinta justa – Ré
sétima menor – Fá
G7
VI- Ab C Eb G
fundamental – Láb
terça maior – Dó
quinta justa – Mib
sétima maior – Sol
Ab7M
VII – B D F Ab
fundamental – Si
terça menor – Ré
quinta diminuta – Fá
sétima diminuta – Láb
B°
Campo harmônico menor harmônico:
cm7M DØ Eb5+7M fm7 G7 Ab7M B°
i7M – menor com sétima maior
iiØ – meio diminuto
III+7M – AUMENTADO com sétima maior
iv7 – menor com sétima
V7 –MAIOR com sétima
VI7M – MAIOR com sétima maior
vii°- diminuto
Agora, para resolver o problema do salto de segunda aumentada de Ab para B, sexta menor para sétima maior, temos a escala menor melódica:
C D Eb F G A B
I – C Eb G B
fundamental – Dó
terça menor – Mib
quinta justa – Sol
sétima maior- Si
cm7M
II – D F A C
fundamental – Ré
terça menor – Fá
quinta justa – Lá
sétima menor – Dó
dm7
III – Eb G B D
fundamental – Mib
terça maior – Sol
quinta aumentada – Si
sétima maior – Ré
Eb5+7M
IV – F A C Eb
fundamental – Fá
terça maior – Lá
quinta justa – Dó
sétima menor – Mib
F7
V – G B D F
fundamental – Sol
terça maior – Si
quinta justa – Ré
sétima menor – Fá
G7
VI- A C Eb G
fundamental – Lá
terça menor – Dó
quinta diminuta – Mib
sétima menor – Sol
AØ
VII – B D F A
fundamental – Si
terça menor – Ré
quinta diminuta – Fá
sétima menor – Lá
BØ
Campo harmônico da menor melódica:
cm7 dm7 Eb5+7M F7 G7 AØ BØ
i7M – menor com sétima maior
ii7 – menor com sétima
III+7M – AUMENTADO com sétima maior
IV7 – MAIOR com sétima
V7 –MAIOR com sétima
VIØ – meio diminuto
VIIØ– meio diminuto
Unindo tudo isso, teremos todas as tétrades do modo harmônico:
i – cm7 | cm7M
ii – dm7 | DØ
III – Eb5+7M | Eb7M
IV – F7 | fm7
V – G7 | gm7
VI – Ab7M | AØ
vii – B° | Bb7 | BØ
Finalmente, formaremos um campo harmônico simplificado para o modo menor com os acordes mais usados:
i – cm7M
ii – DØ
III – Eb7M
IV – fm7
V – G7
VI – Ab7M
vii – B°
Agora basta aplicar esse conceito a outras tonalidades de seu instrumento. No violão, é apropriado trabalhar com as tonalidades de Ré, Lá, Mi, Sol e Dó.
A próxima lição será sobre progressões harmônicas.