
Se pararmos para olhar o universo à distância, veremos que em seus primeiros momentos ele era bem simples, era um espaço cheio de matéria, algo sem caracteres ou características. Era o que na mitologia Hindu se chama de “Turiya” – palavra que descreve algo como “sem atributos”. Leva tempo para ocorrer uma transformação em reinos mais criativos. A pré-condição para a criatividade é o desequilíbrio, o que os matemáticos atualmente chamam de Caos. Através da vida do universo, à medida em que caíam as temperaturas, surgiam estruturas compostas cada vez mais complexas. A partir do estado de fecundidade criativa, manifestava-se mais criatividade. O universo é uma máquina de fazer arte, um motor para a produção de formas cada vez mais novas de se estar conectado, e da justaposição cada vez mais exótica de elementos díspares.
Cada artista é uma antena para o Outro Transcendental. Enquanto seguirmos com nossa própria história para dentro disso e criarmos confluências únicas de nossa singularidade e sua singularidade, nós criamos coletivamente uma flecha a partir da história, do tempo, talvez até a partir da matéria, a qual vai redimir a ideia de que os humanos são bons. Esta é a promessa da arte, e sua realização nunca esteve tão perto do momento presente.

O Legado de
Zé Beraba
Resgatando o Sertanejo Raiz
Zé Beraba é um artista de vasta e importante história no cenário da música sertaneja raiz, sendo um verdadeiro embaixador cultural de Uberaba e região. Como cantor, compositor e referência do gênero, sua trajetória é marcada por feitos que influenciam gerações de músicos, elevando o nome da música sertaneja de raiz e da cultura local.
Sua carreira teve início ainda na juventude, quando desenvolveu atividades culturais em Uberaba e, posteriormente, ganhou reconhecimento popular ao formar uma dupla com o artista Arédio “Tesourinha” na década de 1980. Juntos, conquistaram o primeiro lugar no prestigiado Festival Arizona da Música Sertaneja, em 1981, um evento histórico patrocinado pelos Cigarros Arizona, que percorreu seis estados e 38 cidades, celebrando a força da música sertaneja.
Zé Beraba também marcou presença em importantes eventos, como a Feira Nacional do Milho (FENAMILHO), em Patos de Minas, onde foi premiado e amplamente reconhecido, com participações em programas de rádio conduzidos pelo renomado jornalista e radialista Patrício. Em Uberaba, seu talento brilhou na Feira Internacional do Zebu (EXPOZEBU), nos festivais promovidos pela Fundação Cultural de Uberaba e nos eventos da Associação Cultural da Casa do Folclore.
Além disso, Zé Beraba é reconhecido pelo Conservatório Estadual de Música Renato Frateschi como uma influência cultural de destaque no ensino e na valorização da música sertaneja de raiz. Suas composições, discos e CDs representam um legado que enriquece a cultura musical do estado e inspira estudantes e artistas, especialmente nas áreas de violão, viola caipira e acordeon.
Zé Beraba merece ser reconhecido por sua significativa contribuição à cultura sertaneja de raiz e seu impacto transformador na comunidade de Uberaba e região. Sua atuação vai além da música: ele preserva e promove a identidade cultural regional, sendo uma referência para artistas e alunos de música que se espelham em sua trajetória.
Seu trabalho não apenas enriqueceu a cena artística local, mas também levou cultura a pessoas em situação de vulnerabilidade. Zé Beraba realizou apresentações em asilos para idosos, levando conforto e alegria, além de participar de festas juninas e julinas em áreas periféricas, oferecendo música e preservando tradições que aproximam a comunidade.
Por sua dedicação ao fortalecimento da música sertaneja raiz, sua influência educativa e cultural, e seu compromisso em democratizar o acesso à cultura, Zé Beraba é um símbolo de resistência, legado e inspiração. Ele representa o elo entre o passado e o presente da música sertaneja, merecendo ser laureado como um ícone cultural de Uberaba e região.

Zé Beraba e Tesourinho foram premiados em diversos concursos de música sertaneja raiz, com destaque especial para o prêmio de VENCEDORES DO FESTIVAL ARIZONA DE VIOLEIROS - 1980 e 1981. Em 1982, a dupla lançou o disco Reminiscências Sertanejas.