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Época de Ouro do Violão: Sor e Giuliani

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A época de ouro do violão foi o período entre a ascensão dos grandes compositores clássicos até a deposição do violão pelo piano romântico. Os dois principais nomes dessa época são Fernando Sor e Mauro Giuliani.

 

Fernando Sor (1778 – 1839), violonista e compositor espanhol, nasce em uma época onde o violão era tido como instrumento inferior aos demais instrumentos orquestrais. Instruído no violão por seu pai, foi descoberto como prodígio aos 11 anos pelo chefe da catedral de Barcelona, onde passou a estudar.

Durante a invasão napoleônica da Espanha, chegou a enfrentar o exército Francês, mas perante a derrota da Espanha, aceitou o novo governo. Eventualmente, mudou-se para Paris, nunca mais retornando para sua terra natal.

Apesar de virtuoso violonista, suas composições e óperas não fizeram sucesso entre os franceses. Tentou novamente na Inglaterra, onde compôs ballets, gênero que fazia mais sucesso lá. Seu Cinderella foi bem aceito pelo público, o que rendeu à Sor considerável fama.

Em momento posterior, chegou à visitar a Rússia. Pouco se sabe sobre sua estadia em Moscow, mas depois passou a aventurar-se pela Europa como concertista. Já velho, decide morar em Paris, período em que compõe grande parte de sua obra violonística

Sua obra é extensa. Destaca-se no repertório de concerto os op. 22 Grande Sonate e op.14 Grand Solo. Uma de suas composições mais tocadas atualmente é o Op.9, Variações sobre um tema da Flauta Mágica de Mozart.

São variações usando uma pequena melodia da ópera de Mozart. Trabalhando para demonstrar a capacidade do violão como instrumento solista, Sor subverte um tema operístico de sucesso com incontestável habilidade composicional.

As cinco variações são precedidas pelo tema simples e bem anunciado, que por sua vez é precedido por uma introdução lenta e solene. Cada uma das variações evoca uma atmosfera e caráter diferentes, mas todas elas retém a inconfundível simplicidade do discurso do estilo clássico. Há muitas oportunidades para usar contrastes timbrísticos ao decorrer da peça, como é feito por vários interpretes de renome.

Outra obra de grande destaque é seu método para violão. Além de abordar técnica em si, inclui detalhes sobre a teoria por traz das escalas, harmonia, sonoridade do instrumento, composição e acima de tudo música como uma         arte. Seu pupilo Napoleão Coste, também consagrado violonista e compositor, revisou, ampliou e republicou esse material.

Sua produção de estudos e lições também é vasta (opus 60, 44, , 35, 31, 6 e 29). Apesar de simples, são estudos com enfoque técnico com grande musicalidade. Andres Segovia selecionou 20 de seus estudos que popularizaram consideravelmente o trabalho de Sor.

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Mauro Giuliani (1781-1829), violonista e compositor italiano, começou sua vida musical tocando Cello. Posteriormente em sua vida, devota seus esforços ao estudo do violão, tornando-se um grande virtuoso.

Foi para Viena, onde conheceu o estilo clássico.  A partir de 1807, suas composições nesse estilo começaram a ser publicadas. Sua popularidade e reconhecimento como músico chegou a rivalizar os dos maiores instrumentistas e compositores vienenses ativos dessa época.

O papel exercido por Giuliani foi fundamental para a solidificação do violão como instrumento concertista. Conhecia compositores notáveis como Rossini e Beethoven, também as mais altas figuras da nobreza austríaca. A partir de 1819, seu declínio foi desencadeado por dívidas que o afastaram de Viena. De volta à Itália enfrenta uma queda drástica em oportunidades artísticas, mas continuou compondo até sua morte.

Giuliani mais de 150 obras para violão. Além de peças desafiadoras para violão, também explorou formações de duos, como violão-piano, violão-canto, violão-flauta e violão-violino. Em sua produção para violão solo, destacam-se os concertos, as seis rossianas e sonatas.

O Concerto op.30  é o primeiro concerto para violão e orquestra de Giuliani. Foi estreado pelo próprio compositor em Viena, 1808, causando um grande impacto na crítica: foi aclamada como a composição mais impressionante já escrita e tocada para o instrumento.

São três movimentos. I. Allegro II. Siciliana III. Polonaise – a duração é de cerca de meia hora. O dialogo estabelecido entre o solista e a orquestra é bem definido. No primeiro movimento, os trechos finais de oitavadas intercaladas merecem atenção especial por sua energia. O segundo movimento é vagaroso porém sem deixar de lado as características do fraseado clássico. Também apresenta trechos oitavados, talvez para dar maior peso e projeção ao som pensando no instrumento em que era originalmente executado. O terceiro movimento conta com a mesma exploração das oitavas no fraseado do violão. Nesse trecho, a participação dos sopros também ganha atenção especial.

A Rossiana no.1 op. 119 é uma peça extensa, inspirada em árias das óperas de Rossini. De longa duração e de grande dificuldade técnica, ainda é muito tocada entre os violonistas atuais. O uso de harmônicos explora técnicas que vão além do piano, instrumento tão característico da linguagem clássica. Ao mesmo tempo que inova, subverte a música se mantendo fiel ao estilo.

Grande Overture op. 61 também figura entre as peças mais tocadas de Giuliani. É um perpétuo movimento de abertura ao estilo francês, aparentemente interminável. Seu caráter permeia entre a solenidade e o entusiasmo. Diferencia-se da escrita pianística empregada em tantas outras obras de Giuliani, definindo como deve soar o estilo clássico no violão.

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